de onde nasce o útero
O umbigo é pra fora, mas nem sempre foi assim. Ele já esteve dentro de uma barriga, barrigona, barriguda. Uma mulher crescendo dentro de uma mulher. Milhares do óvulos, quiça mulheres dentro de mulheres, que surgirão.
Uma mulher que será , é ainda bebê, cresce menina. Tem tempo no mundo, e mundo no tempo.
Ela reclama minha presença, eu era só presença, e ela também, na barriga. Agora, é fora, minha linda. É lá fora. Você era aqui dentro. Respirava, e se alimentava, em mim, sem que eu me desse conta do que fazia.
Sentir você se mexer foi tão forte, que nem me mexi, por um bom tempo. Ficava parada, só sentindo. Imóvel, com medo de que você notasse, que eu notara, e assim parasse a sua dança no ventre. Mas você sempre voltava a dançar, e aquilo tanto me alegrava, que quando lembro, sinto vontade é de sorrir e... de chorar.
Você fazia cócegas em minhas costelas, com seus pezinhos. Eu ria. Hoje faço cócegas em você. Ouço sua risadinha. Antes, você me ouvia?
Olho seu rosto, tá com oito meses, olho. Você reclama que está no cercadinho, ele é grande, mas você é bem maior que ele.
Acabo de lhe dar uma folha de papel, em branco. Você a dobra, desdobra, amassa, estica, tenta rasgar, põe na boca, morde, molha, olha, solta, pega de novo. Reclama, exclama! E segue com a folha de papel A4. Levanto pra impedir que você coma a pobre da folha. Você muda de assunto, pega sua joaninha. Olho pra você, pôs de volta o papel na boca, ganho um sorriso. Ganho o dia.
Escrevo no que parece ser um papel em branco. Mas num é.
Te amo, Sophia. Ah, isso sim, isso é.
1 Comentários:
Amor de mãe que cresce sem medir espaço, sem perder pedaços e criando laços...
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